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Muitas pessoas buscam a dança do
ventre por querer desenvolver a sua sensualidade, ou mesmo porque querem fazer
uma atividade física, mas não gostam do ambiente (nem dos exercícios) da
academia de ginástica. O que estas pessoas não sabem, é que quando chegam à
sala de aula da dança do ventre, estão abrindo as portas também para uma terapia
física e emocional, uma forma de expressão artística e todo um universo
cultural.
A dança do ventre transforma o
corpo. É uma atividade física aeróbica de baixo impacto que permite que pessoas
com todos os tipos de corpos e idades possam praticar com poucas restrições
físicas. Ela vai funcionar bem como atividade auxiliar no processo de
emagrecimento, vai trabalhar a flexibilidade da coluna e dar força aos músculos
das pernas, das costas dos braços e do abdômen. É falsa a afirmação de que
dança do ventre dá barriga. Ignorância total. A dança do ventre trabalha a boa
postura, equilíbrio e força abdominal pela sua própria natureza de movimentos
concentrados no abdômen e quadris. Dança do ventre confere à praticante
consciência corporal, agilidade e leveza. Melhora a circulação sanguínea,
atenua desconfortos do período menstrual. Molda e define o corpo, mas de uma
maneira suave, não pelas formas retas valorizadas como resultado da musculação.
A dança do ventre transforma a
alma. Muita gente pensa que a dança do ventre é uma dança erótica, criada para
apimentar relacionamentos. É desta forma que ela é comercializada aqui no
Brasil, mas esta é apenas uma possibilidade muito pequena frente ao potencial
criativo e de empoderamento da prática da dança da dança do ventre. Claro que
se você quiser, você pode sim dançar para a pessoa que você gosta e se divertir
com isso, mas veja que esta é apenas uma opção. Praticando a dança do ventre,
você aprende a se expressar através da música. Seu corpo passa a ser capaz de
realizar movimentos que você nunca imaginou antes e você desenvolve percepção
musical. Seus sentimentos e ideias se tornam fonte de inspiração e os
movimentos se tornam ferramentas de expressão destas ideias e sentimentos. Mais
do que sensualidade, você é capaz de transmitir alegria, além de outros
sentimentos, de se conectar com a vida e com as outras pessoas de uma forma
muito positiva e verdadeira. Você se torna artista.
Praticar dança do ventre é bom
para quem sofre de ansiedade e depressão justamente por conta deste potencial
expressivo e transformador. Através da arte, é possível liberar toda a tensão e
atenuar os pensamentos obsessivos dos distúrbios emocionais e mentais. A dança
do ventre abre novas portas internas de auto conhecimento corporal e emocional.
A dança do ventre pode ser uma
forma de conexão com a natureza, com as energias do planeta, com a fonte
criadora da vida. Pode ser uma ferramenta de prece, de meditação, de ritual, de
mergulho na energia feminina universal, em todas as suas faces: Amorosa,
criadora, curadora, rebelde, indomável, transformadora, destruidora, sensual e
empoderada. A dança do ventre é uma forma de manifestar a força e o poder da
deusa mãe no plano material.
Dança do ventre é conhecimento.
Quem faz dança do ventre, aprende, nem que seja um pouquinho, a cultura árabe:
Ouve a música tocada com instrumentos tão diferentes, entra em contato com esta
língua estranha, de um outro povo, com outros costumes de lugares tão distantes
do planeta. Quem dança a dança do ventre, aprende um pouco sobre as danças
populares do Egito, do Líbano (entre outros países) e aprende um pouco sobre
história e geografia. Amplia os horizontes e aprende que existem outros pontos
de vista sobre os mesmos assuntos da vida.
Dança do ventre é uma forma
maravilhosa de fazer novas amizades. Quem participa de uma mesma coreografia,
quem participa dos mesmos processos criativos, cria uma identificação. É muito
comum surgirem círculos de amizade entre pessoas que dançam juntas, levando
estas amizade para fora da sala de aula da dança, se estendendo a oportunidades
de encontros e atividades em grupo.
Tudo isso através da prática da
dança do ventre.
Origem e história
Originária das danças populares
ciganas, beduínas e berberes do mundo árabe e turco otomano (incluindo norte da
África, Oriente Médio, Turquia, Grécia e países do leste europeu), a dança do
ventre se tornou uma dança cênica no início do século XX onde passou a ser
apresentada em teatros, espetáculos e também no cinema. Do Egito a Hollywood,
ela foi considerada a mais sensual das formas de dança e assim ganhou a fama de
ser uma dança íntima, ou mesmo erótica, mas esta não é a sua origem.
Nos seus povos de origem, a dança não se chama dança do ventre,
este é um nome dado pelos franceses ao se depararem com a dança do povo
egípcio, no final do século XVIII. São muitas as danças folclóricas do norte da
África que deram origem à dança do ventre e cada uma tem um nome. Ao longo do
século XX, no Egito, enquanto a dança se tornava cada vez mais teatral e
cênica, ela passou a se chamar dança oriental. Sempre acontece em shows em
casamentos, aniversários, festividades em geral, restaurantes e hotéis. Também
na TV em talk shows e vídeo clips.
Muitas pessoas relacionam a
origem da dança com os tempos faraônicos, onde ela seria praticada nos templos
da deusa Ísis e teria relação com os ritos de fertilidade. Ainda hoje muitas
dançarinas buscam através da dança a relação com o sagrado feminino e o
empoderamento que a sua prática pode proporcionar.
No ocidente, a dança do ventre
teve toda uma trajetória ao longo do século XX, principalmente nos Estados
Unidos, onde foi considerada um entretenimento para restaurantes, clubes
noturnos e festividades em geral. Foi apresentada em filmes de Hollywood, onde
ganhou a fama de dança sensual e erótica. Lá nos Estados Unidos a dança ganhou
outras corporeidades, sendo praticada de diferentes formas e inclusive dando
origem ao que chamamos de Estilo Tribal de Dança do Ventre, que se subdivide em
diferentes estilos, que se inspira na estética das tradições folclóricas,
misturando diversas referências orientalistas que resultam em um estilo ao
mesmo tempo antigo e moderno, impulsionada pelo imaginário a respeito do
oriente e de um novo pensamento sobre união e arte feminina.
Diferentes estilos de dança do
ventre
Em cada parte do planeta aonde
chega, a dança do ventre encontra diferentes corpos e diferentes mentalidades a
respeito do fazer da dança. A dança do ventre assume diferentes significados. Fazer
dança do ventre no Egito tem um significado completamente diferente de fazer
dança do ventre no Brasil, ou na Argentina. E acredite: O mundo inteiro dança.
Existe dança do ventre em todos os lugares e em todos os lugares ela vai
assumir uma significação diferente. Ela se mistura às culturas, ganha características
modernas e artísticas inerentes aos valores de onde é praticada. Desta forma,
em um mesmo país, você tem diferentes estilos de dança do ventre, usados para
os mais diversos fins.
Apesar das muitas diferenças
corporais, podemos separar de uma maneira geral, a prática da dança do ventre
em dois grandes estilos fundamentais: A dança do ventre oriental e o estilo
tribal.
A dança do ventre oriental, “tradicional”,
ligada à cultura do Oriente Médio, principalmente à cultura árabe, que tem como
fonte cultural principal a dança egípcia. Esta é a vertente da dança do ventre
mais divulgada e conhecida mundo a fora, que aparece nos filmes e novelas e que
encontramos em shows de restaurantes ou casamentos árabes. Embora encontre
diferentes significados em cada cultura, é a fonte do saber primordial da
dança, conectado às raízes culturais.
O estilo tribal de dança do
ventre é muito recente, surgiu nos Estados Unidos no final do século XX e que,
apesar de usar elementos estéticos de culturas beduínas, ciganas e berberes, vai
além do compromisso com a acultura árabe, utilizando músicas e movimentos de
danças de outros lugares do mundo, fazendo da fusão entre elementos de culturas
diferentes uma prática de estilo, utilizando ferramentas teatrais para a performance
e ampliando as possibilidades de criação. Este estilo é importante porque está
crescendo muito rápido, embora tenha aproximadamente apenas 30 anos de
história, já é praticado e conhecido em todo o mundo.
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